Maria
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Eu conto a tua história - Velório Verdadeiro

Aqui aprendemos muito. Todos nós. A Maitê você nunca esquece. Para você continuar lembrando, eu conto a tua história escrita em 27/09/2007 14:25

 

Na semana retrasada, dia 17 de setembro, Maitê, amiga da família e secretária da CA, perdeu sua querida avó. Nos abraçamos e choramos juntas a sua dor.

 

Neste momento Júnior chegou, abraçou Maitê e falou:

- Eu também sofri muito quando perdi o meu avô, mas fazer o quê? Agora, eu queria estar lá com ele, no céu, mas não posso. Ele está lá e eu... (e levantou os ombros em sinal de impotência), eu estou aqui. E ficou olhando para Maitê com os olhos cheios de lágrimas. Foi sua forma de dizer que entendia a dor dela.

 

À noite o pai dele avisou que iria no velório e Júnior insistiu que queria ir junto. Então fomos todos lá pelas 22 horas.

 

Depois de um tempo em contato com a família, Júnior e eu fomos com Maitê e a mãe dela, olhar a vó. Sentim no momentom que aquilo afetou profundamente o Júnior, porque de repente, após um tempo de silêncio ele começou a falar sem parar e a perguntar coisas sem pé nem cabeça como por exemplo se a vó da Maitê estava sem as pernas porque estava coberta de flores.

 

Comentei com Maitê e a mãe dela que com certeza ele tinha se emocionado e que na semana iria estourar de alguma maneira. E isso aconteceu no 'sábado, quando teve febre alta + de 40 graus e tivemos de levá-lo no pronto-socorro e ligar para sua pediatra. Bom, agora já está melhor, pela graça de Deus. Feliz com a nova bicicleta, pois trocamos a minha, que não usava mesmo, por uma maior para ele.

 

Mas ainda no velório da vó da Maitê, lá pela meia-noite, ele estava amuado e sentou no chão, em frente a mim e Maitê que conversávamos num banco. Então ele falou:

- Ah! Que coisa, queria que esse velório fosse um velório verdadeiro!

Eu fiquei chocada, sem nem saber o que dizer de susto.

Nem sei quem perguntou, se eu ou Maitê, porque ele achava que não era um velório verdadeiro.

Ele respondeu:

- Porque não tem oração, não tem culto e não tem nem hinos prá gente cantar. A gente só tem que ficar aqui conversando, conversando.

Maitê explicou que isso aconteceria no dia seguinte e eu senti que tinha chegado a hora de ir para casa. E fomos.

 

Escrevi está história com autorização da Maitê, para ficar registrada, pois sempre esquecemos tudo e assim quando ele for grande e tiver interesse em saber o que pensava e falava quando criança bastará ler as páginas impressas do flog.

 

Temos dificuldades em lidar com as perdas, mas elas são uma certeza em nossa vida. Hoje sentimos saudades de alguém que partiu ontem. Amanhã, quando partirmos para sempre, seremos a saudade de alguém.

 

Que Deus nos abençoe.

 

 

Maria
Enviado por Maria em 31/05/2024
Alterado em 31/05/2024
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