Também quero andar
na aurora boreal.
Me leve vento pelos ares
para as suas cores, o seu céu.
Me carregue para dentro
da sua vida em movimento.
A minha está quieta, parada,
acomodada, estacionada,
- por decreto de sua Luz -
na solidão e dor do Sol...
Não há amor que o tire
deste lagar de sofrimento,
não há beijo que cure suas feridas
e ajude a amainar a dor de suas cicatrizes
- ainda em carne viva.
Não há sentimento que lhe alcance
em meio à suas lágrimas cotidianas,
à sua dor lacerante e a sua saudade
do passado que se foi e não volta mais.
Não há amor que lhe convença
de que são suas escolhas
que o levam para longe da flor.
Nem há ternura, canções de amor
ou poesia de amor, luz e paixão
que lhe ilumine a alma
e lhe dê coragem para viver
o que seu coração tanto anseia.
Não fá força, coragem, determinação da flor
que possa mudar o rumo dos raios de sol
que abraçam outro coração (que se faz amigo)
e seguem indiferentes aos olhos
apetalados de brandura e amor.
Por isso, me leve logo contigo
vento Sul ou Norte,
que seja Leste ou Oeste,
de tempestade ou brisa - tanto faz -
me carregue e me guie até a aurora boreal -
onde a vida é para sempre...
É lá que está a minha eternidade -
na aurora boreal,
o lugar onde os mortos dançam...