Também fito esses dois olhos no espelho...
e em silêncio desejo... peço...
que não seja somente minha a dor
desses dois olhos que me fitam,
me banham de luzes...
mas dizem desconhecer,
no interior da alma, o amar...
São tão profundos esses olhos...
os teus, os meus...
suas retinas descem pelas escadas
da janela do tempo profundo
e pisam fundo em nós
em busca da felicidade...
mesmo que o horizonte ainda esteja cinzento...
Mas, também conhecem
o meu pesar, a minha tristeza...
Por isso, contemplam
- a si mesmos - calados,
enquanto a voz dos sepulcros
entoa um canto triste e fúnebre
por entre as aleias de minha solidão...
Então a noite ouve os meus soluços...
e se cala... se cala... se cala...
É assim que a mão de poema disfarça as palavras
para que pareçam poesia no átrio da vida
a ecoar a beleza suave do Amor Infinito (você)
que habita o ninho do meu coração...
23 06 2024