Não há como saber o que acontece quando o navio larga o cais.
É como se todas as saudades se reunissem
no mesmo ancoradouro de pedra.
E a distância vai se desenhando entre o porto e o alto mar...
com um elo de ligação sendo levado nas águas
pelas mãos de ouro e poema do timoneiro.
É quando se formam aquelas brutais névoas de sentimentos
que fazem ressurgir angústias tão íntimas
e saudades na janela do tempo profundo.
Então meus olhos buscam os teus e lá se escondem.
É assim que compreendo o meu significado em tua vida,
quando me deparo com a incondicionalidade de seu amor,
com os sonhos que desenhas no céu com teus dedos
em cada noite acordado ou dormindo....
É ali, em teu olhar, onde me escondo, aninhada e feliz,
onde soberana habito, meu meigo, doce e querido Lar.
Eterno Lar de amor e admiração.
É quando compreendo que és -
indescritível e misteriosamente - MEU!
Inspirada em "Ode Marítima" de Fernando Pessoa