Também sou "eternamente" um poema.
Desses que sopram felicidades ao vento
e se calam por não alcançar os raios do Sol.
Um poema que a saudade carregou
para dentro do peito para ali se aquietar
até outra vida chegar...
Queria acreditar que sou teu horizonte,
mas as dúvidas que te vestem
me atingem com suas tsunamis...
E meu olhar de alegria chove chuva
diante os teus questionamentos.
No céu de meus mistérios, me calo.
Olho com olhar carregado de amor...
que se explicita nos riachos
que desenham laivos de dor
na face encarquilhada pelo tempo.
Talvez, talvez dos olhos também caíram as vendas
que até então não me permitiam ver
que a felicidade está sim distante
e que o ser feliz é sim quimera...
Também sou "eternamente" o poema.
E ele não chega até você.
Não alcança seu coração,
não tem forças para levar felicidade à tua vida.
No céu de meus mistérios, me calo.
Olho com olhar carregado de amor...
e dos cílios beiram cristais de chuva...
que caem... deslizam, molhando a face...
adentrando os lábios e voltando, solitos, ao coração...