Maria
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Dó em Dor

 

Meu amor, meu querido Joseph

 

Queria poder trazer alegria e felicidade ao teu coração. Mas vejo cada dia mais que sou pequena para isso. Meu amor não te é suficiente para viver feliz, não te dá alegria e nem forças para viver. Cada dia te vejo mais triste e mais lamentativo agarrado, amarrado às tuas dores, teus sentimentos sombrios, o sofrimento do passado que não te abandona nunca, ao qual você se agarra e não larga de jeito nenhum. 

 

Tudo isso, tudo isso, é pesado demais para mim. Me sinto responsável por sua dor e tristeza, me sinto fraca e pobre no sentido de que não vejo mais que será possível um dia te trazer alento, alegria, paz, felicidade e amor para teu coração. 

 

Não vejo mais que tudo que já vivemos nestes anos e anos, tantas festas, tantas brincadeiras, tantas danças, tantas conversas até altas horas da manhã, tantas poesia, cartas maravilhosas, poemas estupendos, nada disso te importa mais.

 

Nada do que te disse entrou em teu coração, nenhuma palavra que te destinei penetrou em tua alma. Nenhum sorriso dado por meus lábios conseguiu te iluminar o dia, nenhum olhar cotidianamente entregue repleto de amor na janela do tempo profundo conseguiu te alcançar e trazer alento para tua vida, para teu momento, para teu dia, para teu viver.

 

Continuas precisando de outro coração para te trazer alegria, continuas buscando outro corpo para te satisfazer os desejos, continuas recusando minha presença em tua vida para além do cotidiano saber, do silêncio nas salas, da falta de conversas, da solidão que ambos vivemos cada um de um lado da vidraça da janela do tempo profundo. 

 

Queria, desejo ardentemente te trazer amor, te entregar alegria, te tocar com a beleza do meu sentimento... mas... você continua fugindo para outros braços e... enquanto isso... lamentando que a felicidade se distancia de ti, que a alegria não te é presente na vida, que o vazio te completa a alma, que o nada te obscurece o espírito... 

 

Não consegues ver, perceber, sentir, saber do grande amor que te dedico, não lembras que já te disse isso com palavras bem claras (que você também recusou, desprezou, debochou), não consegues perceber na minha poesia da intensidade do sentimento que me inunda o peito... 

 

Que faço? 

 

Não sei. Só sei que sem você não há sentido no meu existir. 

 

Já foram muitos anos sem teu amor. Já foram muitas lágrimas... Eu não suporto mais a dor de te ver triste, te ver lamentando cotidianamente viver em dor e sofrimento, escuridão, medo, angústia, tristeza. Queria ter o poder de mudar isso. Achei que meu amor o pudesse fazer... imaginei que fosse possível... mas vejo... que não consigo, não consigo, não consigo....

 

Então me calo, me calo, me calo...

 

Sigas teu caminho... mergulhe em tua dor até depurá-la. Tens de fazer isso sozinho, já que comigo não consegues fazê-lo. Eu queria estar contigo para te sarar as feridas, queria passar o bálsamo do amor em teu coração ferido. Queria poder estar ao teu lado em cada momento desses para te ajudar a sair, a viver, a buscar viver com alegria, a encontrar mansidão, a paz, a calmaria, a felicidade de apenas ser, viver, viver juntos o pleno amor maduro, a plenitude de um sentimento tão lindo...

 

Eu queria... eu quis....

 

Eu não tenho mais forças. Agora sou eu que desaba, que foge, que se esconde.... não sei mais o que fazer, dizer, sentir, entregar... não sei... tudo, tudo que fiz de nada fez por ti. Continuas no mais profundo poço da dor e sofrimento. Não tenho como te tirar de lá. tentei de todas as formas por anos e anos... milhões de horas do tempo fazendo isso, tentando, buscando, entregando amor... 

 

E meu amor não te toca mais... não o queres em tua vida, não o buscas mais...

 

Porque ele não te faz mais falta, não te traz alegria, felicidade, paz. Continuas buscando em outros braços o que o meu sonho quer e anseia te entregar a pureza do meu amor, a fidelidade e a certeza de que sempre te amarei, sempre estarei contigo em todos os momentos, como até hoje estive... e como, de longe... em dor e sofrimento por me sentir rejeitada, preterida... estou....

 

Marie.

Maria
Enviado por Maria em 19/07/2024
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