Na névoa da manhã, tranquila e suave
Vieste do fundo incerto do passado
Ainda tinhas o mesmo passo leve
E o mesmo olhar magoado...
Entre os rosais vermelhos tua boca
Era a rosa mais linda e mais vermelha
E como em torno dela inquieta e louca
Ia e vinha uma abelha!
Mas não paraste, como antigamente
Nem me estendeste a leve mão dolente
A leve mão de irmã...
Passaste... E, pelos campos, que alegria!
Pássaros, águas, plantas, tudo ria...
Na névoa da manhã....
Ronald de Carvalho (Rio de Janeiro RJ 1893-1935)
Da série de poemas e poetas que me marcaram a adolescência
Imagem: poema ilustrado à lápis (eu gostava de desenhar assim) num velho caderno em 1986