Rascunho a vida cunhada
de dores e lágrimas.
O dia seco e sem horizontes
calou-se com o sol
que caminhou solitário
pra dentro da noite escura.
Achei que tinha uma história
na minha vida, acreditei...
mas, tenho uma vida na história
que está muito mais perto de seu fim
do que de seu início.
Não há mais tempo.
A areia da ampulheta
esvaiu-se e aquietou-se
no mundo diante dos meus olhos.
Que venha a insônia, o breu
e o medo que já é premente.
Pensava que não estava só,
pensava ter alguém
com quem fazer partilha
do sentimento, da dor e do medo.
O sentimento é bem-vindo,
as dores, o medo e a morte
ninguém quer saber.
É o Dedo de Agulha da vida
que vai ferindo de espinhos
a flor que ousou sonhar
com o sol e o céu todo colibri.
Poema e desenho: