Rascunho a vida
cunhada de dores e lágrimas.
O dia seco e sem horizontes calou-se
com o sol que caminhou solitário
para dentro da noite escura.
Achei que tinha
uma história na minha vida,
mas tenho uma vida na história
que está muito mais perto de seu fim
do que de seu início.
Não há mais tempo.
A areia da ampulheta
esvaiu-se e aquietou-se
no mundo diante dos meus olhos.
Que venha a insônia, o breu
e o medo que já é premente.
Pensava que não estava só,
pensava ter alguém
com quem fazer partilha
do sentimento, da dor e do medo.
O sentimento é bem-vindo,
as dores, o medo e a morte
ninguém quer saber.
É o Dedo de Agulha da vida
que vai ferindo de espinhos
a flor que ousou sonhar
com o sol e o céu todo colibri.