Maria
Prosa e Poesia
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Nunca estivemos sós, mesmo perambulando estradas equidistantes, mesmo caminhando lado a lado sem falar. Quantos silêncios naquele espaço e só nós dois. Você lá, do outro lado da janela do tempo profundo e eu cá, tímida e calada. E você falava com todos e comigo - ficava olhando - como se eu fosse um enigma, um "ponto fora da curva". Ainda é assim. Ainda me olhas calado... como se estivesses longe, equidistante como um Sol no céu do universo do tempo. Sim, eu sou um ponto fora da curva, mas você também é. Eu sou um enigma, mas você também é. Enigma decifrado e a ser... decifrado. Não existe pessoa no mundo que me conheça como você. Que carrega meus mistérios, que são os mesmos teus, que sabe meus segredos, que sabe o que penso, o que sinto, o que gosto, o que amo, o que é importante para mim e sem o que eu não sei viver. Que conhece minha confusão, meus desastres, meus perdidos. Sabe que não sei andar na rua, tenho medo de elevadores, não sei pisar em escadas porque parece que elas mudam a forma, se movimentam, saem do lugar. Você sabe que fico plissada na cidade, nos seus sons, seus cheiros e me perco na multidão, paro no meio do caminho olhando uma flor, uma casca, um cisco, uma formiga carregando o mundo em suas costas. Ah, você sabe que eu me perco até nos corredores... dou aula em sala errada... que me calo quando queria falar, que choro quando queria abraçar... e você me entende, não julga, nem liga se eu estou perdida de mim, contanto que esteja em você... E eu estou em você Agora. E você em mim. Sinta! Eu Sinto!

Maria
Enviado por Maria em 21/09/2024
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