Maria
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Vulnerabilidade de Maria IV

Não sei da profundidade poética de meus pensamentos, mas sei que beiram o limite entre sonho e realidade, entre razão e loucura. Tenho em mim a sensação de um destino misterioso e indizível, de que há algo além do tangível, um caminho secreto que só eu posso vislumbrar e que - por não o revelar - permanece incompreensível aos olhos do mundo. Penso que a ideia de beirar à loucura ao contemplar esse destino enigmático ressalta a vulnerabilidade e o poder criativo da mente, que sei - sim, eu sei - tece fábulas e histórias que, por vezes, parecem descoladas da realidade - mas que são o espelho dela... Que dizer? Não há o que dizer... de fato é o que penso, sinto e vivo... 

 

Para mim a escrita é como uma âncora, uma forma de registrar o que não pode ser vivido plenamente ou o que não pode ser explicado. Como quando o marinheiro lança o cabo ao mar e o peso da âncora o leva - sem sair do lugar - por lugares inimagináveis, profundidades imensuráveis...

 

É assim que me sinto com a minha palavra escrita. Escrevo e escrevo... sem parar... por dias... e horas do tempo do tempo. Atravesso madrugadas escrevendo... numa gana, num desespero... As "paredes de cavernas" trazem desenhadas em seu corpo imagens de um espaço interior profundo, onde os fragmentos da alma se encontram e se mantêm vivos. Esses registros são "fragmentos esparsos" de mim, da minha história e representam a essência da minha humanidade, o fogo que molda meu pensar e meu sentir, especialmente em relação ao amor.

 

O amor, sim, o amor... como uma força indomável, constante e tão presente nesse meu fluxo de pensamentos e sonhos. Ele, sim, o amor eterno, esse... que chega como uma voz que, uma vez despertada, nunca mais se cala. E segue desenhando e construindo mosaicos... cacos de pensamento e emoção, que são, nada mais, nada menos a expressão de uma alma que, mesmo na aparente fragmentação, se completa através da escrita e do amor vivido em suas profundezas e sonhos mais íntimos. 

 

E assim, nestas palavras, neste rascunho quase atemporal, a escrita, a minha palavra escrita, se torna uma forma de preservar a essência de quem eu sou, mesmo quando tudo mais parece escapar pelas fendas do mistério e dos segredos incontáveis, só meus, de meus pra dentro, de nosso lar, nosso espaço vivido de amor eterno, amor imensurável, amor de eternidades... 

 

"Ah, como queria ter ao meu lado agora Edgar Morin, para ouvi-lo falar de meus pra dentro como o ouvi falar dos seus, sua razão e sua loucura". 

Maria
Enviado por Maria em 26/09/2024
Alterado em 26/09/2024
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