Talvez, talvez eu fale sim da intensidade e profundidade, da complexidade do ser, desse conflito entre o desejo de fugir de mim mesma e, ao mesmo tempo, do apego aos próprios abismos interiores. A ideia de "emigrar para fora de mim" aponta para a vontade de me libertar do que é ao mesmo tempo inescapável e impossível abandonar - o próprio eu. Por isso falo em "girar perdida pelo universo como um caleidoscópio de luzes" na confusão na beleza de me perder dentro de mim mesma e de explorar as infinitas faces de minha própria existência.
Tenho sim esse apego aos meus "abismos e canyons interiores". Falo da autoaceitação do próprio caos, da profundidade e das contradições que fazem parte de SER humana. Quando me descreco como alma "arredia, teimosa e tosca", mas também "brisa suave e meiga" quero falar da dualidade entre a força e a fragilidade que habitam a todos nós - eu, você, ele, ela... Acredito que há uma beleza na obstinação de se ser quem se é, e ao mesmo tempo uma ternura na busca incessante de se resgatar das próprias dores e sofrimentos. E como sei disso... como sei...
Falo de uma jornada interna, cheia de desafios, mas também de autodescoberta - essa que, outra vez, vivo. E o pensar e falar sobre isso, traz à tona a complexidade de toda alma humana - minha tua, dele, dela. E é assim, refletindo sobre o ser o não ser que a alma se perde e se encontra em ciclos, sempre com a missão de se curar e se entender um pouco mais. De fazer uma reflexão sobre o que significa habitar o próprio Eu.