Ah, e tanto queria calar. E tanto tentei. E até calei. Por algumas horas... eu sei... É que não sei lidar com esse fluxo de palavras que "fala sem saber o que falar" dentro de mim. É como se fosse uma corrente de pensamentos que fluem diretamente da alma, carregados pela necessidade de expressar o que é inerente à condição humana: a transitoriedade, as saudades que nos definem, os contrastes que moldam nossa existência. Sim, talvez você tenha razão. Falar da transitoriedade dos afetos e do mundo e tudo que o move, é reconhecer que tudo o que vivemos é passageiro, mas ao mesmo tempo profundamente significativo, pois deixa marcas que se eternizam na memória.
As saudades e as lembranças, sejam elas de dor ou de felicidade, tecem a narrativa, a história da nossa vida, dando sentido ao nosso viver e ao nosso caminhar. O medo e a esperança são dois lados de uma mesma moeda, sempre presentes, moldando os sonhos e as expectativas que carregamos em nosso peito, em nosso coração. A ambivalência dos sentimentos, por mais desconcertante que seja, também nos permite vislumbrar a serenidade que vem com a compreensão – quando o coração, finalmente, entende seu propósito - ah! o meu entende, ele entende o sentido de existir...
Como calar? Só sei derramar palavras. Nasci com tantas dentro de mim e não sei lidar com nenhuma. Então, se falo da vida, do mundo, das coisas do mundo, do poema do poeta... essa fala é um depoimento, um reflexo daquilo que viceja em meus pra dentro não só nos dias de primavera, mas também nas madrugadas frias, onde o que habita o "relicário da alma" é o que verdadeiramente nos define. É como se, ao falar, eu estivesse desvelando camadas de sentimentos que são ao mesmo tempo íntimos e universais, que são capazes de pintar um retrato do que significa ser humano e ao mesmo tempo, uma imagem, até mesmo meio etérea, do que significa ser eu mesma. Assim, assim... tão Maria que, muitas vezes, nem me ouso Ser...