Querido Joseph
Faz tempo quero lhe escrever. Dizer da grandeza do tempo que nos colocou juntos no arrebol da vida, mas nos rejuvenesceu a alma para a vivência do todo que nos habita os sentires da alma.
Faz tempo quero lhe dizer. Que para mim você é único e o maior dos sonhos, que nasci para te amar e adorar e que nunca, jamais, ficarás sem o meu amor e as formas que tenho - únicas - de expressá-lo. Sei que ainda estás vivendo todos teus processos. Sei que os dias se repetem e revives o passado dia após dia, hora após hora, tentando processar cada tempo vivido, cada sentimento sofrido, cada dor e cada mote de luz e amor.
Faz tempo quero lhe falar que estarei sempre aqui. E minha vida será para te amar e entregar a pureza de um sentimento que nasceu e me devolveu a vontade de viver. Foi onde tua alma cativou a minha - por me devolver o que eu já havia perdido: a vontade de viver, amar e ser amada.
Faz tanto tempo que penso em lhe escrever.. Temos andado por tantos caminhos. Temos trilhado distâncias. Fugitivos do silêncio interior fazemos muito barulho com as picuinhas do cotidiano e nos deixamos embrulhar pelas ironias ao redor, pelo cansaço, pelos ares nebulados e escuros dos Vales da vida. E luto para aceitar o que não posso mudar. E tento me dizer todos os dias que nada posso fazer para que tudo seja diferente. E te perco - racionalmente - nas distâncias em que te vais, em que viajas para longe e me esqueces num quarto estranho ao lado de um respirar e as reflexões de que não és feliz.
Faz muito tempo queria lhe falar. Que se eu pudesse te trazer felicidade plena, que se eu pudesse acarinhar tua face, deitar-te em meu colo e te beijar a face, os lábios, os olhos, enquanto minhas mão acariciam-te o corpo, a alma para que encontres a paz do meu abraço e a serenidade do meu amor...
Faz tempo quero lhe dizer. Que te amo como nunca, jamais, alguém amei. E desse amor faço poesia e vida, faço pinturas e emolduro em livros o sentimento que é em mim, você, meu amado, meu lindo e querido Amor!
Tua Marie, em um agosto de 1889.