Nada sei da arte moderna, só ouço falar. O eco das palavras sobre quadros que mudam o olhar e provocam o sentir, mas que nunca tocaram a minha realidade. Falam do quadro pintado para o Rei Charles, dos detalhes que dançam na tela, da escada que leva à contemplação e do vermelho intenso que grita na parede. É um mundo onde o impressionismo brutal se encontra com a luz do nada, como se a cor pudesse expressar o indizível, mas eu, perdida em minha própria escuridão, mal consigo imaginar.
Pura arte conceitual, dizem. Uma dança de ideias, um jogo de significados. Mas no fundo, no meu íntimo, eu sonho com a casa dos pais, um estúdio que se transforma em ateliê. A poeira que se acumula nas prateleiras, o mármore frio sob os pés descalços, e o território marcado por pinceladas de lembranças. Nesse espaço sagrado, o tempo não se mede; é um fluxo criativo onde cada movimento é uma declaração de amor à essência da vida.
Cooper, esse nome que ecoa em conversas, um artista que cravou seu legado na história, mas que para mim ainda é um mistério. E eu, que não sei da arte moderna, não vi o quadro do rei, nem a poeira que se levanta a cada passo em direção à sopa das quartas-feiras. Apenas imagino um lugar onde a criação é um ato de resistência, onde cada traço é uma busca por significado e cada obra é uma conversa íntima entre a alma e o mundo.
É nesse sonho que reside a verdadeira arte: não a fama ou os aplausos, mas o anseio por expressar o que não se vê, o que não se diz, mas que fervilha dentro de nós. Essa é a arte que busco, aquela que, mesmo sem nome ou rótulo, se transforma em vida e ressoa na eternidade.