Trago mãos que tremem constrangidas ao servir,
que não conhecem todos os símbolos,
que não sabem cortar o queijo do lado certo,
que não sabem de todas as nuances
de um cruzar de si mesmas,
que precisam de outras para ajudar
em cada etapa do momento vivido,
que tocam e cuidam com rusticidade o cristal...
que nem sempre conseguem
realizar com perfeição o que precisam,
deixando rastros e manchas pelo caminho...
Trago mãos que não sabem ser bonitas,
delicadas e queridas,
não sabem se portar como deveriam,
que decepcionam e não conhecem
a natureza de tudo, nem todas as preces,
nem todos os movimentos...
Mas sabem acolher, abraçar e amar
e dizer o que pensam, o que são, o que sentem,
mesmo que não haja quem as ouça...
mesmo que isso, numa manhã ou tarde
de um dia em que o sol as aquece e ilumina,
não importe mais... não seja necessário à outrem...
Trago mãos que, mesmo esculpidas a cinzel, ásperas pelo tempo, doloridas, vividas... sabem acarinhar a face amada
e escrever eu te amo num poema
ou nas entrelinhas da lousa da vida.