Não é apenas uma pintura
de sentimentos humanos e profundos...
é a alma revelando-se inteira, representada
neste embate ente o mar e o rochedo...
A dor é cruel e perseverante, molda o viver
com a força inevitável de um escultor invisível.
É visceral - sim - a incessante cadência
das ondas e águas no paredão,
num vai e vêm que magoa e fere
tanto a Rocha como Mar...
O impacto contínuo ecoa
a insatisfação e o niilismo
que também eu tanto busquei viver
como fosse um estilo de vida.
É assim, com a alma atribulada
de angústias e Amor que venho lhe pedir:
Olhe para além da dor e do sofrimento,
das lágrimas cotidianas derramadas
pelo passado de tanta dor e sofrimento...
Olhe para além da dor do choque das águas no rochedo...
Olhe para o que os teus olhos ainda não viram,
para a beleza da constância do movimento,
no horizonte que te desafia
a continuar por ele e com ele a lutar,
mesmo que neste instante, de medo e dor,
ele ainda te represente um afronte, um desconhecido.
Não te deixe mais prender pelo niilismo,
não mergulhe neste contraste
entre a passividade do esperar
e a certeza quase resignada da dor...
Não entenda o horizonte como barreira,
mas como um convite à luz, à felicidade, ao Amor.
Olhe para o mar infinito que toca o rochedo,
não como fim, mas com a esperança
de que, mesmo na repetição,
há possibilidade de mudança.
Porque o mar não cessa, e as rochas,
com o tempo, cedem à suavidade.
Assim, a dor, por mais presente,
também pode transformar-se em algo novo.
Que a luta interior amaine,
que os ventos suavizem
e que a maresia do Amor
lhe toque o corpo e a alma,
preencha seu coração...
deixe-se envolver por Ele.
Lute, sim, por esta esperança.
A credite! Sim, acredite!
Mesmo aos 70 anos de sonho
você merece ser feliz!