Eu estava em viagem de trabalho (aulas) para Cuba, passando pelo México. Em São Paulo encontrei duas pessoas aguardando o mesmo voo. Um rapaz e uma senhora - que também não se conheciam até ali. Foram seis horas de conversa e cafés enquanto aguardávamos o avião.
No voo para o México levantávamos para conversar pelos corredores ou na cozinha do avião. Trocamos contato e ao chegar ao México fomos juntos aguardar a chegada da bagagem.
Ao lado da esteira uma policial com um cão atento às malas que ela ia tirando da esteira. Eu não entendi o por quê, mas uma outra policial, posicionada ao seu lado, ia colocando fitas nas malas: verde, azul. Quando ela tirou a minha mala o cão pulou em cima da mala e a cheirava com sofreguidão. Ela o retirou e a mala foi para a outra policial colocar a fita como feito com todas as demais malas. Até ali tudo certo.
Após, seguimos por uma fila única e então veio a surpresa.
Meus amigos foi apontado irem por um lado e eu para outro. Não entendi nada e já que o lado para onde fui enviada era da aduana eles decidiram me esperar e solicitaram se poderiam ficar junto do lado de lá de uma parede de vidro com um banner enorme (ou painel) da aduana. Disseram que sim.
Lá, me chamaram para erguer a mala sobre uma mesa e a abrir. Em seguida um policial começou a revista-la. No meio de algumas roupas - poucas -, encontrou vários produtos de higiene e perfumaria que eu estava levando para pessoas de lá. Uma estudante cubana que enviava para sua mãe e avó, eu que levava para pessoas que já conhecia de outra ida em maio daquele ano e o haviam solicitado e... os meus próprios. Tive de retirar tudo da mala, abrir cada compartimento, essas coisas.
Ele pegava tudo na mão, conferia e colocava ao lado, sobre a mesa. Encontrou também um pacote de papel marrom grampeado com fitas. Perguntou o que tinha lá dentro. Eu disse que era pó de café que um colega (professor da universidade) estava enviando para um amigo escritor e jornalista da rádio de Cuba. Quer dizer, o amigo havia me dito que era pó de café e tinha cheiro de pó de café, mas eu não havia aberto o pacote.
Ele cheirou o pacote e o levou para um lugar lá atrás. Em seguida voltou sem tê-lo aberto e me disse:
- Foi isso que o chão cheirou, o café.
Eu não entendi nada. Então ele me explicou que o cão é treinado pra cheirar o café porque muitos traficantes de drogas utilizam o pó de café para disfarçar a substância.
- Ah! Tá! Eu disse. E, após um pedido de desculpas, que julguei desnecessário afinal era parte da rotina de trabalho do cão e dos policiais, foi solicitado que eu guardasse todas as minhas coisas.
Ao terminar fui em direção aos amigos que esperaram e sugeriram fazer uma fotografia em frente ao banner enorme onde dizia aduana, México e tal. Imagina - nós na aduana do México, que foto!
Fizemos uma fotografia e estávamos pedindo para alguém que esperava fazer uma segunda quando veio um policial lá de dentro de uma sala nos ameaçando e ordenando irmos embora dali. Gritava alto que era proibido fazer fotografias. Graças que ele não havia percebido que já tínhamos feito uma foto, senão... não sei...
Assustados e constrangidos, saímos rapidamente do lugar e aprendemos duas lições:
1) mesmo de amigos queridos não aceite pacotes lacrados para levar - explique porque e peça licença para abrir e conferir tudo. Se um amigo não conseguir entender isso é melhor perdê-lo ali do que se meter em confusão depois. Ele pode estar enviando uma semente, uma planta que é proibido levar de um pais para o outro - já fiz isso e conto essa aventura em outra crônica hora dessas.
2) nunca fique mais tempo do que o necessário em aduanas e não faça fotografias nunca. Não fui prejudicada por causa do café, mas poderia ter sofrido alguma sanção por causa da fotografia se o policial desconfiasse que já havia sido feita uma com o celular do amigo.
Sempre aprendo alguma coisa com os BO's que me acontecem. Tudo é aprendizado! Em viagens fique alerta, cuide de sua bagagem, lacre tudo, use chaves nas malas. Proteja-se de alguém abrir sua mala e colocar algo dentro e nunca, jamais concorde em levar algo para alguém em viagens sem conferir e ter certeza do que há dentro do pacote.