Prosa e Poesia
Sonhei outra vez com o pai. Dessa vez ele me encontrou e me entregou flores vermelhas. Depois recebi outras flores vermelhas de B. e Júnior. Rosas. E então ouvi B. dizer:
- Pra compensar as folhagens que te dei...
Íamos todos para um show. Eu olhei para o pai e ele estava de cabelos compridos, meio loiros, calção, camiseta, meia e tênis vermelhos. perguntei:
- Pai! Que é isso? Nesse lugar não tem barbeiro?
- Tem sim. Mas a fila é enorme. Eu é que não vou ficar na fila só pra cortar o cabelo. Prefiro deixar crescer...
Quando contei o sonho ao B. ele disse:
- É. Era teu pai mesmo. O jeitão dele...
Mas o sonho continua... Estávamos todos indo para o show. Mas a Mãe e a Nega queriam ficar do lado de fora do lugar onde era o dito cujo. Parecia um estádio de futebol. Elas foram pra o lado da fila, deitaram sobre um colchão que estava na beira da calçada e disseram:
- Vamos ficar aqui. Dá pra ouvir. Não precisa ver.
Enquanto eu ouvia o que elas me diziam, o pai e o B. foram entrando no estádio. Eu segui atrás pedindo que eles me esperassem. Então perguntei a alguém de quem era o show.
- É do Rudolfo!
- Rudolfo? Quem é Rudolfo?
- Você não conhece?
- Não! Nunca vi e nem ouvi falar.
- É um cantor muito famoso aqui. Você devia ver. É maravilhoso.
Então eu vi que o pai e o B. iam se distanciando demais. Eu chamei, chamei. Pedi que esperassem. Que me levassem com eles. Não me escutavam mais. Eles entraram e os portões se fecharam atrás deles. E eu fiquei do lado de fora... Chorei tanto, tanto... Foi uma dor muito grande ver eles indo e eu ficando...
