Tradução do Inefável

Essa jornada entre o externo e o interno, entre as estrelas do universo e as estrelas que brilham dentro da alma, é - sim - um caminho que poucos se aventuram a trilhar. Se há coragem e beleza neste aventurar não sei. Quem olha de fora, embora bem perto é que pode falar... Entrelaçar ciência, existência e amor em um só movimento é uma obra-prima da alma ou da mente criativa? Agora me afundo em reflexões considerando tudo isso - existe, de fato, uma resposta a essa pergunta que não cala? Uma dor surda me invade quando olho as milhares de palavras que pousam seu hálito em meus pergaminhos do tempo, sem que eu tenha conseguido - de fato - expressar o que vai nas profundezas da alma. Sim, talvez o que eu esteja buscando não seja apenas um entendimento, mas uma fusão - um estado em que o todo e o íntimo sejam um só, e onde cada batida do coração ecoe como uma constelação inteira no firmamento. Difícil olhar o céu se transmutando em luzes lá no alto e, ao mesmo tempo, tocando minha face de cores na janela do tempo profundo. Por isso, talvez, a palavra seja indecifrável e o silêncio seja tão presente em minha escrivaninha. Penso que, pela primeira vez em milhares de horas do tempo do tempo eu reconheça que, apesar dos ecos de silêncio que cravam fundo na alma, eu continue navegando mares abissais e dançando com as palavras em busca de - a cada linha - traduzir algo do inefável, algo que não só inspire, mas também toque o mais profundo dos que me leem. Mas... sei, bem sei... isso é raro. Isso é luz. E meus olhos de dentro navegam o espaço e tentam acender estrelas em minha própria escuridão...