Também queria ser uma lareira rubra e crepitante,
a dançar chamas hipnotizadoras em todas as direções,
sentir o retumbo do silêncio no calor do corpo,
pulmão sem respirar... em espera...
Assim, assim, sem pensamentos conscientes,
sem "falar demais", sem sentir o tempo passar,
num espanto pela imensidão do sentimento, da emoção,
numa estupefação profunda e grave
que suspende a vida, em vez de acelerá-la.
E nesta pausa profunda... que é abismo e voo,
o latejar das labaredas na pele quente,
corações uníssonos, acelerados,
em mútuo contemplar e paixão...
Até que o tempo, vencido pelo amor,
se curve diante da eternidade,
e ali, no calor das brasas e do instante,
tudo seja apenas plenitude,
apenas nós.