Em meu desajeito de ser noite,
sem a reserva de risos pelo desamor
que vi em tua missiva,
penso que talvez o que temos a dizer
se comunique melhor no silêncio—
profundo silêncio de nós dois.
Ou, quem sabe, no partir
para uma longa viagem
da qual não possamos mais retornar:
você, em busca de se encontrar,
de descobrir por que não aceita
ser amado.
Eu, em retirada,
dos avanços em direção ao sonho
que - hoje vi mais uma vez -
parece impossível de realizar.
E assim, em duetos de silêncio,
talvez eu me ache
em minhas mudas palavras,
e você se encontre
em teu surdo coração
que ainda não ouviu
as tantas vezes que o meu gritou:
"Eu te amo, me espere, te espero...
És minha luz, minha vida,
paz e calor".