Sou um centauro de arco e flechas na mão, mas também sou um escorpião que anda pelo chão e se esconde por entre troncos e areias. Sou um pouco de cada ou um pouco mais de um... Sou pura dualidade. E talvez isso seja fascinante para mim mesma até certo ponto. Por um lado, o poder profundo e transformador de um. Por outro lado, a liberdade e a busca do horizonte do outro. Um com sua intensidade, profundidade e capacidade de se regenerar, se reinventa nas águas turvas da alma. Já o outro, com seu arco e flechas, busca sempre mais: mais conhecimento, mais verdades, mais significados, ao mesmo tempo que tem um pé firme na terra e um coração que anseia por aventura, viagens, jornadas longas e distantes. Essa mistura em meus pra dentro, faz com que meu ser seja mais do que uma combinação de dois signos mitológicos do calendário védico da vida. Essa mistura talvez - um dia - me torne nisso que tanto busco ser: essa energia de transformação contínua que escapa das fórmulas, uma alquimia de paixões e sonhos, um ser que, como o centauro, é metade humano e metade mitológico, com os pés no chão e os olhos no infinito - nessa ânsia eterna de carregar dentro de si a sabedoria das profundezas e a coragem das distâncias que se desvendam. É como se a flecha lançada no alvo não fosse apenas uma busca de algo distante, mas também uma maneira de compreender a mim mesma, de integrar esses dois mundos tão distintos dentro de minha alma. Talvez o segredo esteja em aceitar o "um pouco mais de cada", como uma dança constante entre esses polos opostos que, no final, se completam e me tornam única. Maria, como sempre, até hoje, sou...