Talvez seja isso:
quem sabe eu não mereça este amor.
Por isso, ele nunca chega,
por isso, o coração jaz na espera,
como quem envelhece à sombra do tempo.
Milênios passaram,
e o coração, cansado,
não pulsa em renovação.
O tempo que chega
já traz marcas do que foi,
um saldo devedor,
um suspiro que nunca ecoou.
Há promessas que o vento sussurra,
mas cujo som da voz não alcança meu ouvido -
vejo apenas suas luzes a tocar-me.
Há um futuro que insiste em escapar,
carregando consigo o que eu não vivi.
E assim sigo,
presa na corrente de dias iguais,
entre o ontem que pesa
e o amanhã que não vem.
Uma sempre e eterna espera...
uma sempre e eterna espera...
sou quem ama quem vive
encontros aleatórios e felizes
distanciando-se do amar,
mas ainda sonha com o tudo.