Maria
Prosa e Poesia
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Sei o que me falta

Não desdenho o enigma,

nem o problema ou a relação do "si" comigo mesma.

Eu me contemplo,

me desdobro em camadas desconhecidas,

e, ao final, rio de mim mesma.

 

Se algo me falta,

é aquele "a mais" que nunca tive.

Talvez, nem precise.

Mas ainda o necessito,

como quem anseia

e almeja aprender o infinito.

 

Falta-me o conhecimento

para somar, subtrair, dividir...

Mas, por outro lado,

prefiro as totalidades:

o caos em sua plenitude,

o contraditório que pulsa vida,

o homem de Pascal, perdido e triunfante,

tocado pelo infinito e, ainda assim, verdadeiro.

 

Quero o sorriso da Gioconda,

ambíguo e eterno,

mais que o rosto prometeico do ferreiro de Marx,

preso à forja, alienado,

sonhando ser deus,

mas esquecido de ser homem.

 

Eu não desdenho o enigma.

Eu o acolho.

Eu o vivo.

E ao me desdobrar,

descubro que sei o que me falta:

 

Não o "a mais" inalcançável,

mas o simples olhar

que entende o ser,

que aceita o riso,

e que encontra na dúvida

o próprio existir.

Maria
Enviado por Maria em 31/12/2024
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