Maria
Prosa e Poesia
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Bruma Aquietada

Não tenho medo da solidão.

Ela é uma aurora aquietada,

aguardando o dissipar

das brumas que a rodeiam.

Permite que as águas silenciem

e mergulhem em si mesmas

em busca de se encontrar.

 

Se o caos se forma,

a quietude o organiza,

como as mãos

que ajeitam os livros nas prateleiras

e tiram o pó do passado

dependurado na parede de vidro.

 

Acariciam o que é amado

por quem amam

porque é assim

que a vida dá sentido ao ontem.

 

Guardam com cuidado

as cartas que caem ao chão,

sem esconder que as tocam,

protegendo-as para o Amanhã.

 

Os olhos sozinhos percorrem

as fotografias na parede,

os brinquedos nas prateleiras

e não conseguem se ver ali...

é quando a vida se faz sozinha...

e os passos cujas mãos tiram o pó

- da vida que organizam

e que quer ficar sozinha -

se perdem pelos corredores

em busca do hoje que nunca chega...

 

E as horas silentes

tocam versos de pétalas ao vento...

Não, não tenho medo da solidão...

Ela é uma aurora aquietada,

aguardando o dissipar

das brumas que a rodeiam –

para que um dia haja um hoje

entre o ontem e o Amanhã...

Maria
Enviado por Maria em 04/01/2025
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