O ontem só encontra sentido
quando o dignificamos no hoje,
quando a dor e o sofrimento,
em vez de apagados no esquecimento,
são compreendidos, valorizados,
erguidos pela esperança.
Não se apaga o que marcou a alma,
nem se apressa o esquecimento
das cicatrizes que falam baixinho
das batalhas travadas.
Há que se ouvir o passado
com a ternura de quem aprende,
com o respeito de quem espera.
Victor Hugo sussurra verdades
nos corredores do tempo:
dignificar a dor é dar-lhe um nome,
um espaço entre as memórias,
é vestir o ontem de esperança
e deixá-lo caminhar pelo hoje.
Não se trata de esquecer,
mas de transformar -
não se trata de fugir,
mas de acolher.
Que o ontem, iluminado pelo agora,
seja solo fértil para o amanhã.
Que a dor compreendida floresça,
não como peso, mas como vida.
E que o passado, enfim,
se torne um poema de esperança,
escrito com as mãos do presente.
(Lendo Os miseráveis de Victor Hugo: “Não procurava apagar a dor pelo esquecimento, mas engrandecê-la e dignificá-la pela esperança!”)