Somos feitos de ecos,
de tudo que amamos e perdemos,
das memórias que nos moldaram,
das dores que nos tornaram inteiros
mesmo quando nos sentíamos partidos.
Cada lágrima caída é um verso,
uma lembrança do que importou.
Cada saudade é um abraço distante,
uma presença que jamais se apagará.
Não se apaga o que foi real,
não se apaga quem nos construiu.
O passado mora em nós,
não como prisão,
mas como alicerce,
como um jardim onde até as ervas daninhas
carregam histórias de amor e luta.
E mesmo assim, o presente nos chama.
Ele grita em meio às memórias,
pede que respiremos o agora,
que toquemos a vida com as mãos abertas,
carregando o ontem no bolso,
mas caminhando descalços pelo hoje.
Não há como esquecer,
e talvez nem devêssemos tentar.
Porque cada dor, cada alegria,
são raízes profundas no solo de quem somos.
E, ainda assim,
há sempre um novo sol nascendo,
sempre um novo amanhã à espera.
Assim seguimos,
vestidos de nós mesmos,
ressignificando as sombras,
encontrando esperança no simples ato de viver,
de amar, de recordar,
e, acima de tudo, de acreditar
que ainda há histórias a serem escritas
com a tinta do que nos tornamos.