Maria
Prosa e Poesia
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O Eco do Silêncio

De que adianta o lirismo profundo, a arte de tocar a alma, de ressoar sentires do mundo ao redor em busca infinita por significado, amor e pertencimento, se não consigo tocar o coração amado? Se minhas palavras não chegam ao cerne da alma que tanto almejo alcançar? Se uso de delicadeza, de ternura ou candura, se me utilizo da raiva, da dor e do rasgo dilacerante que ela causa na alma, se me debruço a encontrar palavras ou metáforas que possam expressar de forma mais plena o sentimento... o que 'causo' com isso no coração amado? Como minhas palavras chegam no interior profundo e querido que sonho tocar? É quando as perguntas não encontram respostas que o espírito se revolta com ameaças de se jogar no poço do silêncio profundo e eterno... Mas... E se, mesmo sem resposta, a palavra seguisse seu curso como um rio, tocando margens que talvez nem percebam sua carícia? Se, no silêncio, houvesse ainda um eco suave, uma brisa sussurrando baixinho no coração amado? Talvez o lirismo não precise ser compreendido de imediato, talvez o sentir verdadeiro encontre caminhos próprios, invisíveis aos olhos, mas presentes no tempo certo. A essência do amor e da palavra é essa: seguir, tocar, transformar - mesmo que em segredo, mesmo que sem certezas. E assim, mesmo quando a alma vacila diante da incerteza, a ternura ainda floresce, silenciosa e resiliente. Pois o amor, quando é verdadeiro, não exige resposta imediata, apenas a entrega de ser sentido.

Maria
Enviado por Maria em 04/03/2025
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