A quietude goteja em mim

A quietude goteja em mim, como um lagar que se estende aos meandros de dentro em busca de descobrir sua profundidade. Um enigma, um segredo - contido nessas águas turvas, revoltosas ou plácidas e azuladas (tão amadas) - que a vida reserva e que nunca os lábios de encanto irão deflagrar. É quando a alma para de respirar e tempo e espaço se tornam um só, em toda sua grandiosidade, em toda sua essência, dimensão e multiplicidade. Aparo minhas arestas de dores salientes e com o bico ensanguentado vou aparando as montanhas de escuridão e vazio que se agigantam dentro do peito em noites de medo e lágrimas de incerteza. Os olhos se perdem em distâncias, o pensamento se anula, a fragilidade da vida - tênue fio de prata a se romper a qualquer momento... tudo latente... retumbando no silêncio desta janela azul de sentimentos... A quietude goteja em mim, como um lagar que se entende aos meandros de dentro em busca de descobrir profundidades...