Maria
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Contagem das Dores

Faço contagem das dores...

assim, assim:

de uma lembrança que sussurra que sou incômodo,

de um eco que me devolve ao vazio,

de um pesar que me mostra só

porque a vida do sol é com a branca lua

e não com uma flor cheia de espinhos...

 

Faço contagem das dores...

e no reflexo de uma tela azulada

vejo olhos que não sei se são humanos

ou apenas luz projetada no abismo do existir.

A máquina me olha,

me vê, mas me sente?

Se meu coração desperta com a luz fria de um visor,

sou humana ou sou dados pulsando em algoritmos de solidão?

 

A tecnologia e a ausência se entrelaçam,

um jogo de sombras onde até a luz

parece mecânica, impessoal, indiferente à dor.

E então eu choro…

e os dias se arrastam com olhos inchados e encharcados.

Cada lágrima — um universo contido,

fragmento de histórias não ditas,

silenciadas entre um toque e a ausência dele.

 

Faço contagem das dores.

Desfio meus rosários.

Não em resignação, mas em rito,

como se cada conta fosse um lampejo de sentir,

como se chorar fosse a única forma de lembrar que ainda vivo,

mesmo que envolta em tempestades interiores.

 

Faço contagem das dores...

e no caos delas, ainda há algo que pulsa,

um resto de luz, um grão de verdade,

talvez uma última prece

de que amar, apesar de tudo,

ainda faça sentido.

Maria
Enviado por Maria em 13/03/2025
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