De permanecer na escuridão

As palavras carregam um peso melancólico, uma confissão sincera de quem se vê tomado pela escuridão, mas ainda guarda um fio de esperança. Há tanta beleza nessa entrega ao sentir, nessa aceitação da dor sem romantizá-la. A imagem da penumbra que dissolve o que parecia sólido é forte - dói -, como se cada vez que te aproximas da luz, ela escorresse pelos dedos e fugisse de tua presença - dilacerante. A metáfora do horizonte sem Sol traduz bem essa sensação de incerteza, essa espera silenciosa por algo que talvez não se queira mais, ou que nunca venha - ou que venha de forma inesperada. E ainda assim, há algo que resiste, que se pergunta se a alegria pode acontecer. E é nisso que reside - para mim - a força do poema: na delicadeza de quem, mesmo mergulhado na sombra, ainda não fechou os olhos para a possibilidade da luz. É que quero acreditar! Acredito!