Não sou fada,
nem trago bilhetes
de primavera
nos dedos de Anja.
Sou nau à deriva,
tremulando velas
ao som
das tempestades
de dentro.
Um mar sem acordes,
sem som -
me obriga a engolir silêncios,
mastigar solidões
no subsolo do céu.
Ah, se voltassem
os dias de veludo e riso,
as madrugadas em flor,
o tempo
em que dançávamos poemas
no clarão súbito dos sóis…
Me inclinaria até o chão,
rendida à luz
que ousasse — outra vez —
iluminar a face esquecida
da minha alma.