Não quero ser lembrada.
Um espinho cravado no peito
não deve ser arrancado com delicadezas.
Precisa força bruta para livrar a dor...
deixar rolar cachoeira abaixo
num poema revoltado e rasgado.
Quem ouve o som do choro contido?
Quem sente o nó no peito?
Quem?
Tão sozinho,
o coração se encolhe
no incrédulo do tempo...
jaz na tumba a alquimia do passado...
a mágica do poema
não desperta mais palavras...
só riscos se desenham
neste velho pergaminho do tempo...
só riscos...
por isso, não quero ser lembrada...
Quero o silêncio -
meu.
Inteiro.
Cru.
Inesquecido.