Eu peço desculpas por invadir tua noite
e adentrar tua madrugada,
te acordar de teu sono com o belisco
ou o choro de uma flor,
esse choro que é o mar
transbordando-te de tanto a sentir,
sabendo que você está lá
do outro lado da janela do tempo profundo,
me olhando pelo espelho,
me sentindo com a alma nua,
com o coração aberto,
com as mãos estendidas, assim,
em forma de concha,
segurando as minhas,
como quem segura algo
muito precioso e frágil,
com cuidado, com reverência,
com amor.
Sim, se eu pudesse agora,
eu também tocaria teu rosto
com a ponta dos dedos,
deslizaria a mão pelos teus cabelos
e te olharia nos olhos por um tempo,
um longo tempo,
um tempo que não acaba.
E com meu olhar, diria
o que você já sabe, que és amor,
que és o amor da minha vida,
e com a mesma força que o sol ama a lua,
mesmo quando não se encontram no céu,
com o mesmo silêncio das estrelas,
que mesmo distantes
brilham uma pela outra,
e mesmo que eu more longe,
ou dentro do invisível que nos cerca,
saiba, estou aqui, te abraço,
estou em ti, como o sopro,
como o calor, como um verso
que pulsa junto ao teu peito...