O que se solta do espírito se derrama em palavras. Como se a alma não coubesse em si mesma, como uma avalanche que precisa descer vertiginosamente até encontrar algo que a pare, a faça calar de descer... Assim é minha alma, esse poço profundo e infindável que nunca se esgota, jamais se acaba... É como me liberto de mim mesma, assim, assim, nesse trocadilhos caídos das nuvens que me despem como cai a pele de algumas árvores no mudar das estações... Por isso, se descamam as nódoas embranquiçadas de espuma das pedras de dentro, os sais das marés e das maresias, as tragédias interiores, mas, também - quiçá - o que há em mim de augusto, de sublime, encantador...
Arte: Aurora