E se abrirem-se estas comportas interiores,
desatando os nós,
jogando as balbúrdias de dentro
sobre a mesa de pensamentos?
Nem Anfiaraus,
em sua glória de augúrio,
preveria o tsunami que viria
com o simples gesto de sentir demais.
Nem Horácio - sábio e contido -
arquitetaria um Est modus in rebus
para os meus descambos interiores,
que de tão fundos,
dispensam equilíbrio.
Destrancar-se-iam os ferrolhos da alma.
Cairia a peau dos olhos,
junto com as lágrimas,
cachoeira abaixo,
em queda livre de mim.
E o coração?
Ah, esse coração -
retumbante,
gritaria por dentro
como tambor em guerra.
Balbúrdias, sim.
Mas são minhas.
E hoje, não as calo.