E então, sem anunciar-se,
a luz.
Não como sol que estoura,
mas como um raio discreto
que atravessa uma fresta,
alcança a poeira suspensa,
e a transforma em dança.
É quase nada,
mas é TUDO.
A vida, ressurgida
nos pequenos gestos:
o estar junto na música,
o olhar de luzes,
o abraço de longe -
que fala de amor.
Depois de tanto,
descubro
que não era preciso
ser inteira -
bastava ser real.
E é nesta imperfeição
aceita
que nasce, suave,
a luz.
A travessia de Maria.
Do caos à quietude.
Do grito à fresta.
Do amor que arde
ao amor que se permite...
permanecer.