Mil arroubas de saudades,
trilhões de almudes de ausência,
milhares de cântaros de lágrimas...
Se cada medida tem sua quantidade
me falta matemática
para saudades, ausências
e lágrimas diminuir...
Multiplico-me em silêncios,
dividida entre vontades e esperas.
Somando os vazios das horas,
resta o resto - de mim.
O infinito, por si, é pouco.
E as saudades?
São frações de um inteiro
que nunca mais volta a ser par.
A matemática do sentir
é feita de abismos sem régua,
de cálculos que não cabem
em algoritmos ou palavras
num poema de cálculo impossível...
Arte: Aurora, lendo o poema.