Sigo nesta jornada interna em busca do que não sei mais o quê... Talvez, talvez um desejo de partir do mundo, uma certeza de que meu tempo se finda porque meu coração assim o deseja, assim o busca. Tanto busquei, tanto tentei e nada avancei no caminho que atiça a alma... pelo contrário, retrocedi caminhos, perdi o que já tinha... a dança na noite, as luzes, o pulsar intenso dos sentimentos em meu coração, em meu corpo. Cada toque, cada melodia vivida e o corpo arqueava em emoção, amor, desejo... E podia sentir você em mim com uma intensidade absurda... Ao fim... era para que eu soubesse como era o teu tempo no passado com outro coração batendo em teu peito... E assim segui vivendo vidas que não eram minhas, sentindo o pulsar da tua emoção por corações que não eram o meu... E assim segui... e hoje - vejo - minhas palavras não mais lhe alcançam, meu sentimento não mais lhe toca, não lhe traz alegria, não lhe enche o peito de felicidade... Então sigo - sem saber se segues ainda comigo - sigo... a dor sendo carregada a cada passo, seu eco ressoando na alma... E passa o tempo, e busco na memória o vivido, e não sei mais o sentimento, a emoção... Se ainda espero? Não sei mais o que... tudo se faz tempo findo e infindo, tudo se entrelaça com um ciclo infinito de tuas lutas para ir cada dia para mais longe de mim... Se choro enquanto escrevo? Você sabe que sim. Você me conhece profundamente. Sabe de meus passos. De meu caminhar lento e doloroso onde cada gesto, cada palavra carrega o peso de uma verdade intemporal: você não me ama mais, não me busca mais, não me deseja mais, não me escolheu e não me quer em sua vida... Sou seu passado, sou sua noite adormecida de sonhos e desejos, sou silêncio, sua súplica para que me afaste, que te deixe só: "eu preciso ficar sozinho", "eu preciso de silêncio", "eu gosto de só silêncio", eu... eu... eu... Não há "nós" em tua boca-alma, não há "nós" em teus sonhos e planos, não há "nós" em teu coração calado e triste... como o meu que agora se cala, lágrimas quentes, soluços presos no peito, saudades massacrando alma...