Cada tecla
que rompe o silêncio
carrega a dor
de um sentir
até então calado.
A suavidade contrasta
com o que perambula a alma -
um turbilhão se formando
enquanto os dedos
tocam suavemente
cada tecla...
É uma corrida
pelo átrio dos sentimentos
que se avolumam,
que crescem,
que rasgam,
erradamente,
até que surge um som,
uma nota só -
tão quieta, tão triste,
tão fina,
tão longínqua...
A alma se perde
nas pausas
e se acha
na onda que se forma
ao longe
sobre as águas,
desenhando
um tsunami
gigantesco
a subir,
subir,
subir,
subir —
até tocar
as nuvens mais baixas,
mesclar-se às águas translúcidas
e despencar
numa força descomunal
sobre as teclas...
O corpo se contorce em dor,
em um fechamento intempestivo
que se dilui em maresias...
É assim que o peito arfa,
enquanto sentimentos se misturam,
se agigantam
e despencam em palavras
que só têm uma procura:
a alma calar.