Maria
Prosa e Poesia
Capa Textos E-books Fotos Livro de Visitas
Textos

Não quero lapidar nada.

Não quero lapidar nada.

Quero a palavra

crua.

Nua.

Assim. Assim.

 

Do jeito que nasce.

Pedra bruta.

 

Que rasgue os olhos de quem lê.

Que corte a pele de quem toca.

Que faça bater o coração

até explodir -

como explode o meu

enquanto os dedos batem,

intempestiva e atravessadamente,

as teclas do piano.

 

Não quero lapidar nada.

 

Quero que a palavra

desça pela garganta

rasgando tudo.

 

Que entrave no peito

até se formar um nó,

gigantesco, absurdo,

como esse que me sufoca

a alma.

 

Quero que doa no outro

como dói em mim.

 

Quero que seja

tão real,

tão absurda,

tão forte,

tão intensa,

imensa...

 

Como tudo que sinto

em meus pra dentro.

 

Como tudo que explode...

em magma efervescente

de palavras que agora...

riscam... afiadamente

as páginas

já mortas

deste meu

pergaminho do tempo.

Maria
Enviado por Maria em 24/05/2025
Comentários