Não sei costurar belezas,
nem perfazer a água
que corta como lâmina
ao descer da garganta em palavras.
Sei que minha alma sente e sente demais...
Talvez, talvez, por isso, a letra é viva,
pulsa em meus pra dentro,
não pede licença para invadir teus olhos.
Vai rasgando feio, vai dizendo tudo,
vai vomitando aos borbotões
o sentir cruciado de dores
da alma em constante ebulição.
Sou rústica, nada feérica,
tenho em mim a força bruta
de todas as vulnerabilidades,
minha fragilidade é brado,
o grito de minha palavra escrita.
Se gotejo poemas
neste velho pergaminho do tempo
é porque um dia a vida me ensinou
a respirar para sobreviver
à púrpura mortalha de minha -
desde o nascer adquirida -
esquife mortuária...