Já fiz todas as travessias,
caminhei desertos sem oásis
e afundei os pés da alma
em areias movediças tão profundas
que a vida quase se esvaiu num sopro fugas,
num sussurro de fio de voz
que se calou por milênios e milênios...
Neste caldeirão existencial tudo já se misturou:
a dor, a angústia, o amor, a espera, o cansaço, a esperança...
tudo assim, assim, misturado, amalgamado
como fosse um só magma, intenso,
denso e profundamente verdadeiro.
Quantas vezes o corpo levantou 20 cm do chão
diante o tempo que passa e, ao mesmo tempo, não passa...
mas que, paradoxalmente, vai consumindo por dentro
e, ao mesmo tempo, alimentando
e potencializando sentimentos.
É raro o sentir... é também o pensar.
A alma fala tudo: da distância, da conexão,
do amor que resiste, da dor que persiste,
da esperança que ainda lateja...
mesmo que a exaustão busca aniquilar os sentidos -
prólogo de vida, de amor e eternidade...