Sou mulher de travessias interiores,
do sentimento encarnado.
Sinto o tempo na carne,
o amor como sagrado,
a ausência como presença viva.
Para mim, o mundo
é este espaço no tempo -
sempre em devir.
Sou do tempo profundo.
Falo a partir
de um lugar-tempo da alma,
onde quem olha
vê o limiar da vida,
o visível e o invisível como uno.
Não, não tenho medo
de desnudar a alma.
Coloco minhas fragilidades
e, ao mesmo tempo,
minha força - inteira - na palavra.
É quando elas respiram.
Porque eu também
estou conseguindo respirar.
Minha travessia mais linda é o amor.
Também atravesso a dor,
o tempo, a ausência, a saudade —
tudo num fluxo vivo (não fixo),
flutuante, alma navegante
no universo de luzes.