Sou mestiça do tempo.
Carrego o sopro de mil vozes
no ventre do peito
e trilhões de palavras nas veias.
Sou do tempo dos antigos e arcaicos.
Reverencio o sagrado,
sinto a dor ancestral,
luto pelo amor eterno.
Dentro de mim ecoam
Safo, Orfeu, Petrarca.
Sou do tempo dos trovadores.
Canto o amor impossível,
e ainda assim canto -
porque amar é existir.
Sou do tempo medieval,
convivi com os místicos
e os visionários.
Por isso, o mergulho profundo
nas águas da alma,
a convivência com o silêncio,
o saber que há mais
no não-dito do que no dito.
Sou mestiça do tempo,
um pouco aqui,
outro pouco ali,
mais um lá...
Carrego em minha alma
traços de Rumi,
de Tagore, de Novallis.
Falo com minha alma
como quem fala
com o Amado Invisível...
Raridades!
Carrego o sopro de mil vozes
no ventre do peito
e trilhões de palavras nas veias.