Evoco a viagem interior,
a busca do passado
no tecido íntimo
da memória, do sentir.
O caos que passa
pelo Dedo de Agulha —
metáfora da palavra
que tenta conter o indizível.
Evoco o contraste
do corpo fogoso, ácido,
e da busca
por leveza e entrega.
Dois polos,
num só fio
condutor da vida.
Águas torrenciais
e a ausência
do Sol, da Lua.
O caos,
contra o desejo etéreo
de um poema devocional.
Evoco o tecer
do tempo e da alma,
a procura por torrentes
de sentimentos
que me apeteçam
a fome de dizer,
a gana
de rabiscar palavras
como quem redemoinha rosas
por entre os dedos.
Evoco o resgate
de uma joia de palavra
que dê conta do Amor -
o não fácil,
mas que beira
o sagrado,
que exige entrega,
que dói,
que redime.
Um presente
para mim mesma,
um presente
para a alma
em constante
ebulição.