No espelho, olhos tristes de cotovia.
Entre os trigais da alma,
os segredos — pra sempre — guardados.
No aspergir dos sonhos,
celeiros de esperanças despencam dos céus.
São com castiçais do espírito
os pergaminhos do tempo —
bebem filosofias
como tonéis d’água fossem.
Mesmo a tristeza,
mesmo a dor —
nas Cartas ao Vento,
há alegria pelas palavras existirem -
pelo seu proferir -
mesmo sem ver o rosto,
mesmo no não contemplar dos olhos.
As dores — tão presentes —
destilam-se em cada nota,
em cada soneto,
a afogar o peito em lágrimas.
Vivo o eclipse do mundo
no mesmo trovejar da rua molhada,
no grito e no clamor da lúgubre vivência.
No espelho,
olhos tristes de cotovia.
Entre os trigais da alma,
os segredos — pra sempre — guardados.