Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Salmo Pagão

Não sei gritar com elegância,

nem sangrar com lucidez.

Respiro com a alma em carne viva,

em busca dessa sabedoria milenar,

enquanto a dor -

essa dor - é profundamente

contemporânea.

 

Não posso mais suavizar palavras,

nem realçar o ritmo

desse meu salmo pagão...

 

Trago em mim esta fé sem templo,

essa coragem profunda e profética

de gritar as verdades de meus pra dentro.

 

Talvez grite sem coerência -

mas é assim que a alma se veste:

de contradições.

Um fogo voraz e ancestral,

um sopro de brisa e luz.

 

É assim que nasce esse lamento sagrado

de quem fala com o invisível e o impossível,

de quem grita para além da pele -

conversa com quem não pode ver -

de quem fala com a alma

do outro lado dessa janela

do tempo profundo.

Maria
Enviado por Maria em 19/06/2025
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