Nos claustros longos das saudades-almas
Ainda me busco em cartas não cessadas,
Na dobra antiga das palavras calmas,
Ecoam vultos, sombras desveladas,
Nos claustros longos das saudades-almas.
Na janela do tempo, o amor vigia,
Mesmo ignorado, segue tão presente.
Sou verso vivo, dor em liturgia,
Brasa silente, chama persistente.
Espelho cego, onde a alma se derrama,
Não vê meu rosto, mas conhece a chama
Do amor fiel que nunca foi embora.
Sou flor vestal do tempo mestiçada,
Caminho só, mas canto a mesma estrada
De quem, sem ver-me, em mim ainda mora.
Maria
Enviado por Maria em 21/06/2025